16/02/2025

Folha do Norte da Ilha

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Polícia Militar feminina de SC comanda batalhão da Força Nacional

A major Naíma Huk Amarante, de 40 anos, lidera uma tropa de 80 homens e mulheres em Cariacica, no Espírito Santo

Pela primeira vez uma policial militar de Santa Catarina está no comando de um batalhão da Força Nacional de Segurança Pública. Desde o início do mês, a major Naíma Huk Amarante, 40 anos, lidera uma tropa de 80 homens e mulheres em operações na cidade de Cariacica, no Espírito Santo. A policial catarinense é a única comandante mulher no projeto que envolve mais quatro estados: Pará, Goiás, Pernambuco e Paraná.

O apoio à segurança pública capixaba integra o Programa de Enfrentamento à Criminalidade Violenta, para redução dos índices de homicídio. Trata-se de um projeto-piloto do Governo Federal, com duração prevista de quatro meses. Naíma chegou ao Espírito Santo há dois meses. Antes dela, outra policial militar de Santa Catarina comandou um pelotão da Força Nacional — vários pelotões compõem um batalhão. Em 2010, a então tenente, hoje major, Andreia Cristina Fergitz, atuou na cidade de Cárceres, no Mato Grosso.

Natural de Campina da Alegria, distrito que pertencia ao município de Catanduvas, no Meio Oeste de Santa Catarina, e hoje faz parte de Vargem Bonita, Naíma ingressou na PMSC em 2004, por influência da irmã, Nanon Rosangela Huk Amarante, que já era policial militar. A comandante da Força Nacional chegou ao posto de major em 2017. Passou pelos batalhões de Joinville, Jaraguá do Sul e da Capital, onde atuava no 4º Batalhão desde 2013. Tem pós-graduação em Administração Pública, Ciências Penais e Educação Física Militar. Passou por funções administrativas e operacionais.

Para Naíma, estar na Força Nacional significa um novo desafio pessoal e profissional. “Eu acredito que nossa função, oficial da PM, deve ser cumprida com intensidade. Em cada função que exerci, dediquei toda minha obstinação. Traço metas e crio objetivos e quando consigo alcançá-los sinto necessidade de outras missões, porque acredito que seja essa a função de um oficial: gerir e comandar com entusiasmo até o mais próximo possível do exaurimento da missão”, ressalta.

Mediadora de conflitos

A mediação de conflitos está entre as disciplinas preferidas da instrutora Naíma. “Eu aplico aos alunos e também serve para mim mesma. Serve para tratativa com a sociedade na prevenção da criminalidade, serve para gerir uma ocorrência e ajuda na gestão de comandar homens e mulheres. Serve também para questões de grandeza como esta, da luta das mulheres para obterem oportunidades de fazer aquilo que estão capacitadas a fazer e ocuparem as posições que quiserem ocupar. Todos os dias conflitos novos aparecem e todo dia faço meu melhor para que tudo seja mediado e que possamos dar um passo à frente no combate à criminalidade.”

Ser policial não estava nos planos da major. Desde criança ela sonhava em ser médica para ajudar as pessoas. Na busca por estabilidade financeira para criar uma filha, Naíma percebeu que sendo policial também poderia salvar vidas. “A vida foi acontecendo e a realidade me trouxe imposições e obstáculos. Eu tentei ser médica, mas entendi que também poderia ser feliz sendo policial militar. Nosso objetivo constitucional é fazer polícia ostensiva e preservar a ordem pública, mas também envolve salvar vidas. O prazer de quando participei de ocorrências em que salvamos uma ou algumas vidas que estavam em risco é indescritível”, ressalta.
Preparados para Tudo

A Força Nacional de Segurança Pública é um programa de cooperação entre União, Estados e Órgãos Federais (Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Ibama, entre outros), criado para preservar a ordem pública. Atua também em situações de emergência e calamidades públicas. Sua criação foi inspirada no modelo da Organização das Nações Unidas (ONU) de intervenção para a paz, baseada na cooperação entre União e estados-membros para a resolução de conflitos.

As duas semanas frente à tropa já propiciaram uma experiência enriquecedora à Naíma: “Está sendo um grande desafio, que posso dividir em dois grandes vértices. Um é estar longe do conforto do lar, das pessoas que mais prezo e do contato diário da família. O outro foi a adaptação à nova rotina, cidade, função, missão. Posso dizer, com convicção, que estou vivendo um momento ‘sui generis’ expressão muito usada no meio jurídico para dizer sobre um coisa que é ‘única da sua espécie’. Estou feliz, motivada, empolgada”, finaliza a comandante.

Da redação: Fabiana de Liz/Secom